dream a little dream of me

Quem já assistiu no colégio o documentário Ilha das Flores sabe que o que difere o ser humano de outros seres vivos é o encéfalo desenvolvido e o polegar opositor.

Quem me conhece bem, ou já conversou comigo mais de doze segundos, sabe que o que me difere de outros seres vivos é o encéfalo desenvolvido, o polegar opositor e o hábito de me masturbar frequentemente.

Estou sem lustrar o foguete há 17 dias e 9 horas, um recorde que não bato (haha) desde que descobri que certas partes do meu corpo eram BEM mais divertidas que outras, há aproximadamente 12 anos, e ainda tenho mais 14 dias de abstinência forçada pela frente (haha). Como era de se esperar, além de estar beirando a insanidade, tenho crises de mau-humor que fariam hitler parecer um urso de pelúcia cheio de marshmallow; crises que me deixam quase tão mau-humorado quanto minha irmã fica uma vez por mês.

Tudo isso mudou quinta-feira passada, quando comemorei não fazer porra nenhuma o dia inteiro com uma capotada depois do almoço, daquelas de roupa mesmo e que vão até sete da noite, quando você acorda assustado, suado e sem saber direito onde você está, que dia é hoje e como que essa poça de baba foi parar no travesseiro. Antes de dormir, deu uma conferida por braile para ver como andava meu bilau, ainda em recuperação, constatando a presença de um corte quase cicatrizado, ainda com metade dos pontos, e uma certa fibrosidade na mucosa ao redor do corte, ou seja, tudo normal. Mas olha que surreal: assim que dormi, acordei de novo, e, quando vi, meu pingolim estava novo em folha, sem pontos, sem corte, sem fibrosidade, e prestando continência, pronto para batalha! Não me contive...

É possivel ser plenamente feliz? Completamente realizado enquanto ser humano? Naquele momento, tive certeza que a resposta era SIM, assim mesmo, em letras garrafais! Ó sublime prazer, do qual tinha sido privado por um cruel bisturi!

Assim que terminei, dormi como uma pedra, e acordei lá pelas seis da tarde. Obviamente, quando acordei, desta vez de verdade, ainda estava com um corte quase cicatrizado, ainda com metade dos pontos, e uma certa fibrosidade na mucosa ao redor do corte.
Mas, para minha enorme surpresa, o sonho tivera "resultados" reais.

Já determinei a impossibilidade de ter realmente encerado meu cadillac cor de rosa enquanto dormia por vários motivos: quando acordei ainda estava de cueca e calça jeans e com o cinto fechado, ainda estava de bruços, do mesmo jeito que capotei, e, principalmente, a dor teria sido descomunal, com certeza me acordando.


Ainda não cheguei a nenhuma conclusão sobre as implicações metafísicas do ocorrido, tipo "deus existe!", mas foda-se, pelo menos meu humor melhorou pra caralho.

Coisas idiotas que nos rodeiam

Estava caminhando (lentamente) pela rua hoje pensando (no meu sensível e dolorido pênis) na vida em geral, quando tive uma espécie de epifania (percebi uma coisa óbvia que sempre me escapou). É estrondoso o número de coisas idiotas que nos cercam! Pensem bem:

1. Nova Schin

Não existe coisa mais absurda NO MUNDO que uma cerveja chamada Schincariol, apelidada de Schin, mudar o rótulo e a fórmula e passar a ser chamada de Nova Schin.

Nova Schin?

"Experimenta! Experimenta!"?

Preciso falar mais alguma coisa?

2. Papai Noel

Pelo visto é normal e saudável falar para seu filho "Tem um velho gordo fica sempre te espionando para saber se você está se comportando do jeito que ele quer, e se você brincar bonitinho e ficar na sua ele vai invadir nossa casa de madrugada e te dar aquele playstation 2, mas se o velho safado achar que você não se comportou bem você não ganha NADA!"

3. Dia dos Namorados no motel

Então é nesse ponto que chegamos, né? A roda, as pirâmides, a capela sistina, a divina comédia, a nona sinfonia, a pólvora, o avião, a teoria da relatividade, o homem na lua, o computador pessoal... O ser humano já deixou claro que praticamente não existem limites à sua criatividade, engenhosidade, perseverança, esforço, espontaneidade, genialidade e sabedoria.

E a melhor opção para passar o dia dos namorados é ir enfrentar fila num motel?

Isso é quase tão idiota quanto a Nova Schin...

4. Excursões

A Europa é um continente cheio de história, mistérios e arte, uma terra rica em todos os aspectos, um continente quase explodindo de experiências novas para provar, pessoas exóticas, interessantes e divertidas para conhecer, situações inusitadas e agradáveis para viver, lugares de tirar o fôlego para ver.

Nada melhor que empacotar 40 brasileiros em um ônibus e fazer tudo isso em 6 dias!

5. Carro com vidro fumê, roda de magnésio, suspensão rebaixada, subwoofer de porta-malas, adesivos de vidro traseiro, aquele negócio pra fazer o farol ficar azul, bancos esportivos, turbo, e neon embaixo

Acho que nem precisa falar mais nada, né?



E, ao meu ver, a campeã (quase empatada com a Nova Schin)

6. a Concepção Imaculada

Então vamos lá: Um cara pobre fudido casou com uma mulher naquela era iluminada que era 2000 anos atrás, mas antes dele poder arregaçar a paçoquinha dela, ela falou que não podia porque um cara com asas e pijamão veio voando pra dentro da casa e falou com ela que não podia, e ele, ao invés de enfiar a mulher numa camisa de força e jogá-la pra dentro de uma sala com paredes de borracha apenas falou Ah, tudo bem, sem problemas!, e o tempo foi passando e ele lá na dele, sem preocupar e sem pegar um monte de puta nem nada, e aí uma bela madrugada um fantasma veio e comeu ela de tudo quanto é jeito mas sem tirar o cabaço dela e aí nasceu o filho de Deus?

(e um bilhão de pessoas acreditam nisso?)


Obviamente a lista é muito maior, existem milhões de outras coisas idiotas no mundo, como aquelas bombas de aumentar o pinto, estacionamento rotativo, rock progressivo, rodeio, monogamia, cursinho pré-vestibular, água mineral sem gás, virgindade, cerveja sem álcool, café descafeinado, George W. Bush, free one, aquela telinha do laptop que funciona como um mouse, Deus, aparelhos de exercícios vendidos pela televisão, remédios para emagrecer, voltar a ter cabelo e parecer mais jovem vendidos pela televisão, qualquer coisa vendida pela televisão, a televisão, pessoas.

sexo anal e diarréia

Sempre tive várias teorias estranhas, sempre curti pensar sobre a vida e o ser humano, mas não de forma séria e filosófica, mas de forma simplista e, de preferência, escatológica e ligeiramente repugnante. Desde todo o sempre, ouço um caso repetido, variando os protagonistas, o local, o contador da história, a testemunha, etc., mas mantendo o tema inalterado. É uma lenda urbana (talvez até seja de âmbito nacional, quem sabe!) que circula desde, no mínimo, meus tempos de oitava série.

Aposto minha coleção de selos búlgaros que todo mundo lendo vai reconhecer uma variação sobre este tema:

É o caso desagradável e estranho de um jovem sem nome que resolveu penetrar o orifício posterior (e normalmente mão-única) de sua jovem, linda e inocente namorada sem nome. Após um longo trabalho de convencimento, finalmente conseguiu fazer a garota vencer sua criação rígida e consentir a um desbravamento anal, fato que foi consumado prontamente pelo eufórico sodomita. No entanto, após o término, ao retirar seu pênis do fim do túnel de esgoto da senhorita, constatou, para seu horror e desespero a presença de, nada mais nada menos, que uma folha imunda enrolada em sua masculinidade, uma folha de REPOLHO!!!

(eu acreditei piamente neste caso até deixar de ser um idiota e pensar bem sobre o assunto)

Apesar do quão ridículo possa parecer este pequeno fragmento da imaginação doentia de jovens colegiais, sempre pensei muito no mito do repolho, e sempre que pensava nisso começava a vagar pelos cantos de minha mente e pensar em coisas como sexo anal, comida, sexo anal, comida estragada, sexo anal, diarréia, sexo anal... hum...

E se a mocinha em questão estivesse com um caso agressivo de diarréia?

Tipo, mijando marrom?

Eu vejo da seguinte maneira: todo mundo conhece o flato vaginal, vulgo peido de buceta (ou será boceta? nunca soube ao certo...), certo? Ora, se acontece na frente, acontece atrás! O jovem namorado vai e vem, vai e vem, vai e vem, etc. e tal, bombeando ar, bombeando ar, bombeando ar, e a pressão interna só aumentando, e fazendo pressão, e aquela mistura de ar e merda líquida só aumentando, misturando e ficando em suspensão no intestino, e bombeando ar, bombeando ar, aumentando a pressão, aumentando a pressão...

De repente, ele termina e tira de dentro, tira a rolha da garrafa de champagne.

FWOOOOOOOOOSH!!!!!!

(esse é o barulho de um jato de bosta líquida sob pressão voando diretamente na barriga e peito do jovem, assustado e arrependido namorado.)

Tenho certeza que é verdade, que isso realmente possa acontecer.



(Caso alguém lendo isso seja um dos protagonistas do caso do repolho e possa comprovar sua veracidade, imploro que traga a verdade à luz!)

Postetomia e Beethoven

Recorrendo ao velho e bom Aurélio (minha natureza reacionária ainda não assimilou a existência do Houaiss), onde encontramos a definição singela e sintética de Postetomia:

Postetomia. [De post(e)- + -tom(o)- + -iu] S. f. Cir. Circuncisão (1).

Meu pequeno drama pessoal desde quinta-feira tem sido lidar com os "efeitos colaterais" de tal procedimento cirúrgico. Comprovando minha teoria mirabolante que todo Urologista precisa de um senso de humor fantástico para poder aceitar seu fardo de observar, examinar e manusear o órgão reprodutor masculino diariamente, recebi a recomendação profissional de evitar exercício físico durante 30 dias, "tanto levantamento de peso quanto levantamento de pinto".

Jóia...

No começo, tudo fluiu bem; o fato de ter pontos circunferenciando a glande e subindo pelo caminho antes ocupado pelo freio foi mais que o suficiente para conseguir desapegar de qualquer idéia de ereção, me mantendo seguramente impotente durante dois dias. Dois estranhos, confusos e flácidos dias.

Mas, desde todo o sempre, tenho mantido como filosofia pessoal de vida o uso desenfreado do hábito de me tocar de forma impura, substituto completo para qualquer espécie de religião organizada.

(Como pude imaginar que uma abstinência de 30 dias fosse fluir bem, não me pergunte...)

Hoje, acordei de forma mais volumosa que recomendável. Depois de uma corrida desesperada para o freezer pegar uma bolsa de gel a amigáveis e refrescantes cinco graus negativos, comecei a ficar preocupado. O frio ajudou a controlar a exuberância matinal, mas a bolsa começou a esquentar antes de matar completamente meu inchaço matinal doloroso e desesperador, fazendo com que eu percebesse o óbvio: não posso contar com temperaturas polares para controlar meus impulsos; tenho que achar uma forma mais ágil e duradoura!

Pensei, imediatamente, em ir pra varanda fumar um cigarro e ouvir música, distraindo minha mente e ajudanto a manter meu tecido erétil não ereto. Por pouco não morro! Não sei como passou pela minha cabeça que Beethoven fosse uma boa escolha, ainda mais a Nona! Talvez a Pathètique, mesmo a Appasionatta, mas não a Nona! Desliguei desesperadamente a música, e comecei, frenéticamente, a procurar algo mais inócuo e menos visceral, enquanto os últimos acordes ecoavam em minha mente, fazendo meus pontos quase soltarem. Trêmulo, com lágrimas escorrendo pelo meu rosto, amaldiçoei todas as músicas que escuto, malditos Beethovens, Tchaikovskys, Portisheads e Massive Attacks! Pro inferno com a linha de baixo forte e vocais gritados dos Pixies, com a voz da Fiona Apple, com a sonoridade única de cada disco do U2.

Imaginei que não poderia mais ouvir nada que eu gosto por 30 dias, perspectiva que me aterroriza mil vezes mais que um ascetismo sexual forçado, ainda mais comparando minha frequência de cada atividade! Onde achar uma música tão insípida e vazia de qualquer emoção, tão ridiculamente assexuada que me permitiria ouvir todas as outras músicas que gosto, precisando apenas lembrar de escutar um pouco dela para me acalmar entre o terceiro e quarto movimento da Nona e entre Glory Box e Sour Times no Roseland NYC Live do Portishead? Nunca acharia algo tão estúpido e ridículo! Estava resignado a um mês de silêncio musical.

Ainda bem que lembrei do Stereolab.